Atendendo as solicitações de algumas leitoras, pedi para nossa psicóloga do blog Carla Comin, abordar um tema, que apesar de bem difícil, infelizmente é bem corriqueiro no mundo atual: A separação dos casais. Tenho algumas amigas que passaram por isso, e para quem tem filhos, a grande preocupação é fazer com que isso seja o menos traumático possível para as crianças. Por isso, hoje a Carla vai abordar esse tema e tentar dar uma luz, aos pais que sentem-se perdidos com essa nova situação e precisam de orientações sobre como proceder com os filhos. A matéria está bem bacana, não deixem de conferir.
Muitas vezes o tão sonhado “Felizes para Sempre” precisa ser abandonado em prol da felicidade e leveza de viver, que talvez já não sejam mais sentidas na vida a dois.
A concepção de casamento que durou muitos anos e foi ensinada a muitas de nós, pregava que os casais deveriam ficar juntos apesar de o final da relação já estar declarado para ambos, principalmente com o intuito de privar os filhos do sofrimento.
Hoje, após algumas mudanças significativas no contexto familiar e na conceituação de qualidade de vida, sabe-se que é preferível pais separados que conseguem conviver em harmonia à pais que vivem juntos mas expõem diariamente os filhos à brigas, discussões e um clima de tensão no ar.
Porém, apesar de muitas vezes ser necessária, esta é uma situação extremamente difícil de ser compreendida e elaborada por uma criança. As dúvidas e inseguranças povoam a cabecinha dos pequenos e acarretam em comportamentos que deixam os pais de cabelos em pé (dificuldades no aprendizado, agressividade, bem como regressão em determinados aspectos do desenvolvimento, quando a criança torna a fazer xixi na cama, falar de forma infantilizada, etc.).
A explicação para esta mudança comportamental se deve ao fato de as crianças até certa idade acreditarem que o limite entre suas fantasias e a realidade é extremamente pequeno ou inexistente, ou seja, que aquilo que ela imagina e deseja, acontece. Dessa forma, a ansiedade domina e surge o sentimento de culpa, por ter sonhado em ser o único a receber a atenção do papai, ou desejar que ele saia de casa e assim acabem as brigas, por exemplo.
A melhor forma de auxiliar os filhos a superarem este momento tão delicado é estabelecer um diálogo claro e coeso, explicando que os pais deixaram de ser um casal, mas jamais deixarão de ser seus pais e de os amarem incondicionalmente. É importante que a criança saiba como será sua vida a partir de então, quando, como e onde verá aquele progenitor que saiu de casa, onde irá dormir, quem o levará e buscará na escola e, acima de tudo, onde é a sua casa, local de referência para a criança.
Para tanto, é necessário que pai e mãe possam ao menos se entender e “falar a mesma língua”, de forma a evitar mais confusão de ideias e sentimentos, além daqueles inevitáveis e naturalmente despertados em situações como esta.
Em alguns casos, apesar do empenho familiar, um apoio especializado se faz necessário, para que a criança possa compreender os sentimentos e fantasias despertados por tal situação, para então lidar com ela de forma mais saudável possível.
Espero ter ajudado a esclarecer as dúvidas e tranquilizar todos que passam por um momento como este. Caso surjam outros questionamentos, meu e-mail é carlacomin@hotmail.com.
Carla Comin
Psicóloga clínica
CRP 14/05428-2