Ela já lê os livros de histórias sozinha. Ele aprendeu a falar
corretamente "integral". Ela já recebe convites para festinhas sem a
presença dos pais. Ele já coloca o uniforme da escola sem ajuda. Ela já
amarra o cadarço do tênis. Ele não assiste mais a Peppa. Sumiram as
mamadeiras da pia, os restos de comida no pé do cadeirão de refeição. O
bebê conforto hoje é berço das bonecas dela e a primeira bicicleta dele
ficou pequena e precisou ser trocada. O tempo passa sem pedir licença.
Com uma pressa que eu gostaria de poder frear. Eles estão crescendo na
mesma proporção que minha juventude se esvai. Eu tento acompanhar,
sorrio e me orgulho dos seres humanos que eles estão se tornando, porém,
preciso confessar, morro de saudade daquela bagunça toda, dos sons das
primeiras palavras balbuciadas, do cheiro morno naqueles corpinhos
minúsculos, das mãozinhas que reconheciam cada traço do meu rosto, de
amamenta-los, de fazê-los dormir nos meus braços. Sou grata e feliz por
ter vivido intensamente cada segundo desses primeiros anos, mas nem isso
me absolve dessa saudade misturada com uma tristeza bonita de ver os
meus bebês caminhando com as próprias pernas para novas descobertas!