Dando prosseguimento à nossa série sobre musicalização infantil, hoje a especialista Ana Lúcia Gaborim, fala sobre como são as aulas de musicalização para bebês, a idade em que eles podem frequentar aulas e os benefícios dessa atividade para os pequenos. Confiram:
“Como são as aulas de musicalização para bebês ? A partir de
que idade eles podem frequentar as aulas ?”
R: Conforme já comentei no post anterior, há aula de musicalização para gestantes, ou seja, os
bebês já podem começar a ser musicalizados ainda na barriga das mamães !
Não há uma idade mínima padrão para o ingresso na aula de
musicalização para bebês; isso vai depender do professor e do espaço físico
onde a aula se realiza. Eu já recebi bebês de apenas um mês de vida em minha
aula de musicalização, com suas mães. A participação deles na aula é certamente
mais passiva; contudo, são as mães que tiram maior proveito dessas aulas...
Mas o que podemos entender por musicalização ? Podemos
definí-la como um processo educacional orientado que visa aproximar o indivíduo
da música em suas diversas manifestações (popular, erudita, contemporânea,
vocal ou instrumental), sensibilizando-o em seus processos de recepção (escuta)
e incentivando sua expressão (cantando, tocando, criando). As aulas de
musicalização não só desenvolvem as próprias habilidades musicais, mas também
servem de estímulo para a área afetiva, cognitiva e motora.
Existem aulas de musicalização oferecidas em escolas, desde
o berçário, onde o professor precisa estimular as crianças uma a uma (podendo
contar com um ou mais ajudantes). Assim, cada atividade da aula dispende de um
tempo maior, até que todos sejam estimulados e realizem o propósito da
atividade. Já numa aula com as mães, o professor orienta cada atividade para
que as mães as realizem com seus filhos – e assim as atividades fluem mais facilmente.
As mães também podem reproduzir as atividades em casa, fortalecendo esse vínculo
entre mãe e bebê, estimulando ainda mais seus filhos e alcançando resultados
mais rápidos e mais perceptíveis.
As atividades a serem realizadas dependem do agrupamento por
faixa etária, mas de modo geral, são utilizados instrumentos musicais de
percussão (chocalhos, tambores, metalofones), que as crianças exploram
(estimulando os sentidos) e trabalham a coordenação motora, enquanto a criança
interage com a música que está sendo ouvida. São cantadas músicas que estimulam
determinados movimentos (saltar, agachar, marchar, girar) trabalhando expressão
corporal e outras noções básicas (dentro e fora, em cima e embaixo, grande e
pequeno, etc); outras, são realizadas com locomoção pela sala, estimulando o
bebê a levantar e a dar os primeiros passos, desenvolvendo também a noção
espacial; as músicas cantadas ainda estimulam a fala e a atenção, firmando os
princípios básicos da comunicação. As atividades de roda, de compartilhamento
de objetos e brinquedos estimulam a interação com outros bebês (socialização);
por fim, há um momento de relaxamento, com o toque físico da mãe massageando o
bebê. A rotina na aula contribui para estabelecer a organização, desenvolver a
noção temporal, o convívio com outras crianças e também a segurança fora de um
ambiente conhecido como a casa.
Muito mais ainda pode ser trabalhado numa aula de
musicalização, mas só mesmo assistindo a uma aula prática é possível conhecer
toda a riqueza que ela proporciona ao desenvolvimento do bebê. Podemos,
portanto, dizer que a aula de musicalização para bebês só traz benefícios ao
seu desenvolvimento, sem contar as experiências preciosas que as mães
compartilham a cada aula!
Ana Lucia Gaborim (São Paulo, 1976) é doutoranda em Música pela USP, onde realiza pesquisa sobre regência de coro infantojuvenil. É Mestre em Música e Bacharela em Composição e Regência pela UNESP. Foi bolsista de diversos festivais de música nacionais e internacionais; participou de diversos encontros de Educação Musical promovidos pela FLADEM, ISME e ABEM. Integrou e regeu diversos grupos corais em São Paulo e atuou como professora de Música em escolas de ensino fundamental e conservatórios. Em Campo Grande, desenvolveu projetos de musicalização infantil em igrejas, trabalhando também com musicalização de bebês. Atualmente é professora efetiva do curso de Licenciatura em Música da UFMS, nas áreas de Regência, Canto Coral e Prática de Ensino. Coordena os projetos de extensão “PCIU – Projeto coral infanto-juvenil da UFMS –“, “Semana da Voz”, “Encontro de Regentes Corais”, “Simpósio Coral Infantil” e os Painéis Funarte de Regência Coral em Campo Grande (MS). É regente da Camerata de Cordas da UFMS e integra o Grupo Vocal Feminino “Maria Bonita”. É também mãe de três meninos: Erik (11), Davi (7) e William (4). E-mail: ana.gaborim@ufms.br Facebook: Ana Lúcia Gaborim. Outros artigos da autora estão disponíveis em www.academia.edu