Ser mãe é...

E aí que eu entrei numa de ser saudável  e parar de ficar protelando o momento de enfim fazer as pazes com o espelho. Agora vou abrir parentêses para falar outra coisa nada a ver com o assunto, porém que mais pra frente vai se amarrar com esse primeiro raciocínio. (O Arthur está numa fase  em que só quer saber do pai, a mãe é mera coadjuvante na vida dele, e sim, eu morro de ciúme, mas já estou armando uma revanche). Fecha parênteses. E aí eu nessa de vida saudável, coloquei minha roupa de ginástica, meu tênis com gel (porque amortecedor descobri que é coisa do passado) e fiquei toda animada esperando marido chegar do serviço para assumir as crianças e poder fazer minha caminhada no Parque. Eis que ele chega, eu passo o bastão e entro no carro faceira, pronta para sair...Nesse momento, Arthur vai atrás com a bola na mão e com aqueles olhinhos marejados, suplica: "Mamãe vem jogar bola com Arthur"...como assim? agora? eu estava aqui o tempo todo e ele nem me deu moral...ele nunca me chama para jogar bola, só ao pai, será que ele está com medo de perder o colo gordinho e está fazendo essa sabotagem de próposito? pqp...
O pai entra na conversa tentando ajudar: "Papai joga com você Arthur vem..." e ele nocauteia: "Não papai não, quero jogar bola com a mamãe"... eu olho pra ele que nessa altura já está aos prantos para terminar de acabar comigo,  e faço um movimento de que vou descer do carro e desistir...marido faz sinal com as mãos para eu ir logo, pega o menino chorando e leva o para dentro tentando distrai-lo com outra coisa.
Então eu vou para a minha caminhada com a animação de antes trocada pela culpa, a cada volta fica martelando a imagem do meu pequeno chorando e me chamando para jogar bola com ele...claro que a essa altura ele já se distraiu com outra coisa e não lembra mais do assunto, mas eu não consigo esquecer por um segundo aquele menininho com a bola na mão solicitando minha presença...completo meu percurso, e chego em casa exausta, depois de um dia repleto de outras atividades...e mesmo que minha única vontade seja tomar um banho demorado e me jogar no sofá, chego e procuro por Arthur, tiro das profundezas da minha alma uma voz animada e digo: Filho vamos jogar futebol com a mamãe?
Ele abre um sorrisão, e lá ficamos nós por 1 hora jogando bola...
Ser mãe é encontrar forças onde não se tem. É dar sempre um jeitinho de conciliar mil atividades. É conviver constantemente com a culpa e fazer malabarismos para driblá-la. É dizer sim mesmo quando o corpo e a mente dizem não. É encontrar a paz  e a redenção no sorriso do filho.